A leitura é fundamental para profissionais de arquitetura. Além de conhecimento teórico e histórico sobre diversos assuntos relacionados à profissão, a leitura proporciona uma compreensão mais profunda dos princípios fundamentais, estilos arquitetônicos e evolução ao longo do tempo, o que auxilia os arquitetos a contextualizar seus projetos e aprimorar sua compreensão de seu papel na sociedade. Além disso, servem de Inspiração e estímulo à criatividade, que podem gerar abordagens inovadoras para o design arquitetônico.
Livros técnicos e acadêmicos agregam ao desenvolvimento profissional, oferecendo conhecimento especializado. Obras que exploram temas sociais, culturais e antropológicos ajudam os arquitetos a entender o contexto em que estão projetando. A cada publicação lida, o repertório do profissional se amplia e se abre para diferentes formas de arte, design e expressão visual, o que pode resultar em projetos mais ricos e diversificados.
Ferramenta fundamental no desenvolvimento profissional, a leitura pode e deve ser integrada à prática diária do arquiteto, Compartilho aqui os 6 livros que julgo ser essenciais para compor o repertório de um profissional atualizado e criativo. Confira abaixo.
1 – Manual do arquiteto descalço – Johan Van Lengen
O “Manual do Arquiteto Descalço” explora técnicas e abordagens de construção em sintonia com a natureza e seus recursos. O autor, Johan van Lengen, oferece insights surpreendentes sobre diversos aspectos do projeto arquitetônico, abrangendo desde a concepção de espaços até detalhes como maquetes, iluminação e edifícios.
Van Lengen não apenas destaca métodos construtivos tradicionais, mas sua intenção vai além de uma abordagem saudosista. Ele busca, em vez disso, apresentar soluções inovadoras para os desafios contemporâneos na habitação. Em suas próprias palavras, o autor ressalta que não está incentivando a construção tradicional, considerando as mudanças no mundo, a escassez de materiais e a falta de mão-de-obra especializada.
O cerne da proposta do livro é oferecer alternativas, integrando técnicas tanto tradicionais quanto modernas no processo construtivo. Em vez de simplesmente rejeitar métodos antigos, van Lengen sugere uma abordagem híbrida que responda efetivamente aos desafios atuais da habitação, proporcionando ao leitor uma visão abrangente e prática para o design e a construção sustentável.
2 – A poética do espaço – Gaston Bachelard
“A Poética do Espaço”, escrito por Gaston Bachelard em 1958, explora a significância e o impacto do espaço habitacional na experiência humana. Bachelard concentra-se em espaços íntimos, como quartos, porões, sótãos, gavetas, cofres e armários, argumentando que esses locais têm o poder de gerar sentimentos e memórias, desempenhando um papel crucial na descoberta do espírito e da alma humana.
O autor propõe que esses espaços íntimos são capazes de criar imagens poéticas que transcendem a realidade racional. Essas imagens, mesmo sendo subjetivas e não totalmente racionais, possuem um dinamismo próprio, vivenciadas “com todas as parcialidades da imaginação.” A casa é vista como um refúgio que abriga devaneios, proporcionando um espaço onde se pode sonhar em paz.
Ao longo do livro, Bachelard analisa diversos espaços, utilizando metáforas e explorando experiências oníricas descritas por outros pensadores. Ele destaca a casa como um local que transcende o espaço geométrico, tornando-se um elemento dinâmico na vida humana. O autor ressalta a importância de esquecer o conhecimento adquirido no passado ao analisar imagens poéticas, enfatizando que a imaginação poética é uma dádiva de uma consciência ingênua.
3 – Arquitetura no divã: a quarta dimensão do espaço – Shirlei Zonis
O livro “Arquitetura no divã: a quarta dimensão do espaço”, de Shirlei Zonis, propõe uma abordagem única, integrando noções básicas de psicanálise ao universo da arquitetura. Destinado a arquitetos, o livro busca fornecer ferramentas para interpretar as demandas dos clientes, utilizando histórias que refletem situações comuns na rotina desses profissionais.
Shirlei Zonis, uma arquiteta ativa com formação em teoria psicanalítica, explora as motivações subliminares, indícios e padrões recorrentes nas interações profissionais entre arquitetos e clientes de projetos arquitetônicos.
O livro destaca a importância do cliente no processo criativo, enfatizando o privilégio de entrar no universo do cliente, compartilhar suas demandas e desejos, e contribuir para externalizá-los no projeto arquitetônico, mesmo que seja uma simples reforma. Shirlei Zonis expressa sua fascinação pelo cliente como uma fonte inspiradora, destacando como o convívio com eles proporciona uma percepção única das transformações que a arquitetura pode provocar no espaço, mesmo sem alterar fisicamente sua localização.
4 – Arte de projetar em arquitetura – Ernst Neufert
A “Arte de Projetar em Arquitetura”, mundialmente reconhecida, apresenta constantes e significativas atualizações, mantendo a proposta magnífica do original e incorporando modificações para atender às novas expectativas no campo da construção, especialmente no que diz respeito às demandas ambientais. Este manual, compilado por Ernst Neufert, é uma obra referencial, reunindo de forma sistemática fundamentos, normas e prescrições sobre recintos, edifícios, estâncias, instalações e utensílios, centrando-se no ser humano como medida e objetivo.
Na edição mais atual, vários capítulos foram revisados e atualizados para abordar temas contemporâneos e emergentes na arquitetura e construção. Destacam-se tópicos como instalações esportivas aquáticas, varandas cobertas, hotéis, evacuação de incêndios, móveis e utensílios de cozinha, restaurantes fast-food, fachadas de madeira, normativas de economia energética, elevadores, arquitetura solar, reabilitação e reutilização de edifícios, entre outros.
Arte de Projetar continua a ser uma referência bibliográfica de valor universal. Destina-se a arquitetos, técnicos em arquitetura, engenheiros, construtores, professores e estudantes. Desde a sua primeira edição alemã em 1936, o manual passou por 39 edições em alemão e 17 em português, sendo traduzido para 18 idiomas diferentes e vendendo mais de um milhão de exemplares em todo o mundo.
5 – Em Casa – Uma Breve História da Vida Doméstica – Bill Bryson
“Em Casa – Uma Breve História da Vida Doméstica”, o mais recente livro de Bill Bryson, oferece aos leitores uma exploração envolvente e multifacetada da evolução da vida doméstica ao longo do tempo. Utilizando sua própria casa no nordeste da Inglaterra como ponto de partida, Bryson transforma a narrativa em uma jornada pelos diversos cômodos que compõem a habitação humana moderna.
Com sua característica habilidade de contar histórias, Bryson não apenas descreve os elementos físicos da casa, mas também destaca sua relevância histórica e cultural. Desde o hall de entrada até o porão, da sala de jantar ao banheiro, dos quartos de dormir ao jardim, o autor mergulha em cada detalhe, revelando como a arquitetura da moradia moldou a vida privada ao longo dos séculos.
A obra se baseia em uma sólida pesquisa, apoiada por uma bibliografia reveladora, para percorrer extensos intervalos no tempo e no espaço. Bryson demonstra de maneira convincente que a configuração arquitetônica de uma casa influencia todos os aspectos da vida privada, conectando os menores detalhes, como móveis, decorações e utensílios domésticos, às inovações tecnológicas e culturais mais importantes da história humana.
6 – Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade – Austin Kleon
“Roube como um Artista”, de Austin Kleon, revela-se como um manifesto ilustrado e inspirador sobre a criatividade na era digital. A obra, originada de uma palestra viral na Universidade do Estado de Nova York, não apenas conquistou a lista dos mais vendidos do The New York Times como também destacou-se no ranking da Amazon em 2012, consolidando-se como um manual prático para o sucesso no século XXI.
Kleon, designer e escritor, aborda o tema da criatividade com uma abordagem leve, bem-humorada e descomplicada. A mensagem central do livro é clara: não é necessário ser um gênio para ser criativo, basta ser autêntico. O autor incentiva os leitores a explorarem seu lado criativo e artístico, oferecendo uma visão gráfica diferenciada, ilustrações, exercícios e exemplos práticos.
O livro destaca a ideia de que nada é verdadeiramente original, encorajando os leitores a abraçarem suas influências, coletarem ideias, misturarem e re-imaginarem para encontrar seu próprio caminho criativo. Kleon sugere a prática de “roubar”
ideias de artistas que admiramos, explorando suas referências e influências, até o ponto em que a criação pessoal se manifesta de forma única.
Deixe um comentário